experiência concreta #6 (triângulo atlântico), 2019
saco de transporte de grãos, fita autoadesiva de alta fixação e prego dourado
130 x 100 x 3 cm
foto Filipe Berndt

Experiência concretaé uma série que busca traçar relações entre trabalhos, e ações, desenvolvidos por artistas pertencentes ao movimento de arte concreta e neoconcreta brasileira, e a violência contida na história do Brasil. O intuito aqui não é buscar uma genealogia do pensamento social brasileiro através de diferentes maneiras de representar fatos históricos e sociais (artes plásticas e/ou imagens de violência). Esta série de trabalhos intenta mostrar como alguns procedimentos cotidianos, como por exemplo, atar mãos formando o símbolo do infinito, podem estar presentes em ambas representações do mundo. Ou mesmo como formas simples como um triângulo, podem revelar as perversidades do tráfico e das rotas comerciais escravocratas.

Em Experiência concreta (triângulo atlântico)sacos de transporte de grãos são utilizados como base para colagens feitas com fitas autoadesivas de alta fixação. As formas triangulares encontradas em cada colagem foram retiradas de ilustrações que mapeiam as rotas do tráfico colonial entre Europa, África e América. Em cada ponto do triangulo uma mercadoria era trocada por outra. Armas e munições vindas da Europa eram trocadas, na África, por pessoas para trabalharem em situação de escravidão; escravizados eram vendidos na América para trabalharem nas plantações; os produtos oriundos das plantações retornavam para os colonizadores europeus, que compravam armas e munições para, assim, reiniciarem a cadeia mercantil escravocrata. Assim, o triangulo comercial se auto abastecia.

Os materiais utilizados em Experiência concreta (triângulo atlântico), foram catalogados em artigos e textos jornalísticos que documentam linchamentos e justiçamentos populares em todo o território brasileiro. As fitas autoadesivas, comumente utilizadas para prender pessoas durante os linchamentos, são utilizadas para construírem as formas triangulares das colagens. Para ressaltar as relações entre os envolvidos no tráfico colonial de pessoas e mercadorias, foram gravados, nos vértices de cada triângulo, os nomes dos continentes que formavam as rotas comerciais escravocratas. Essa gravação foi feita a partir da técnica de baixo relevo seco, pois a intenção é que os nomes desses continentes só sejam revelados a partir da aproximação do olhar, fazendo assim um paralelo com a sistemática tentativa de apagamento do passado colonial, e escravocrata, brasileiro. Para fixar as colagens na parede são utilizados pregos de ferros cromados na cor dourada, trazendo mais uma camada da relação entre construção de riqueza e violência que caracterizam diferentes períodos da história do Brasil.




experiência concreta #7 (triângulo atlântico), 2019
saco de transporte de grãos, fita autoadesiva de alta fixação e prego dourado
130 x 100 x 3 cm
foto Filipe Berndt



experiência concreta #8 (triângulo atlântico), 2019
saco de transporte de grãos, fita autoadesiva de alta fixação e prego dourado
130 x 100 x 3 cm
foto Filipe Berndt




experiência concreta #1 (diálogo de mãos), 2017
impressão de imagens extraídas de jornais digitais, catálogo de exposições de artes visuais e manuais de sobrevivência e caixa de compensado naval
60 x 60 x 4 cm
foto Filipe Berndt




experiência concreta #2 (diálogo de mãos), 2017
corda plástica, fita adesiva, abraçadeira plástica, arame, cadeado para bicicleta, cabo elétrico flexível e caixa de compensado naval
74 x 101,5 x 10 cm
foto Filipe Berndt




experiência concreta #5 (sete linhas), 2017
cubo construído por fita silver tape sobre parede
dimensões variáveis
foto Filipe Berndt